domingo, 8 de agosto de 2010

Pais e filhos

Meus filhos foram criados sem pai. Não porque eu tivesse desejado e sim porque, por algum motivo inexplicável, o pai deles optou por manter-se afastado ao longo de toda vida.
Essa situação sempre me afligiu e entristeceu porque eu sei o quanto eles sentiram a falta do pai em determinados momentos da vida. Eles sempre tiveram a figura do avô mas existem momentos em que não é a mesma coisa.
O sentimento de rejeição que fica de uma situação como essa pode ser devastador pro resto da vida e sei que pra pelo menos um deles, foi e tem sido.
Sempre achei incompreensível um pai se afastar de seus filhos, seja por qual motivo for.
Separações de casal acontecem o tempo todo, afinal as pessoas podem acabar descobrindo que não foram feitas umas pras outras e que viver junto pode ser um grande martírio. Mas separação de filhos é algo, no mínimo, sem sentido.
Um filho é um vínculo de amor que criamos pra sempre, algo que não se tem como esquecer.
Mas parece que alguns pais esquecem.
E muito pior: existem casais que fazem dos filhos a bala do canhão na guerra em que escolhem travar.
Filho não é nem nunca deve ser bolinha de ping pong na vida de pais que resolvem se separar. Filhos não podem ser usados como moeda de troca, como carta na manga, como estratégia para se conseguir o que se deseja.
Filhos são filhos. São pessoinhas. São gente. Seres humanos que precisam de amor, de carinho, de segurança e de uma boa estrutura para poderem crescer centrados, equilibrados, seguros.
Eles merecem nosso respeito, acima de tudo.
Sei que muitos homens já tem consciência de seu papel na criação e no desenvolvimento dos filhos, hoje em dia, felizmente. Sei que muitos lutam para poderem estar sempre presentes, acompanhando o crescimento, o desenvolvimento, as descobertas e tudo mais que acontece na vida dos seus filhos.
A esses pais meus mais sinceros parabéns. Esses são dignos de serem chamados de pais.
Àqueles, porém, que ainda não se deram conta do mal que fazem aos seus filhos mantendo-se afastados, esquecendo-os, usando-os como mercadoria de barganha, só posso lamentar e ter a certeza de que um dia a vida vai cobrar de volta e em dobro todo desprezo que eles tiveram com aqueles que tinham obrigação de acalentar.
E ainda, às mães que usam seus filhos para atacar seus ex-maridos, um aviso: um dia seus filhos vão crescer, se tornarão adultos e fatalmente irão cobrar de vocês toda essa ausência que lhes foi imposta.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Pensa que é fácil ser mulher?

Pensa que é fácil ser mulher?
Mulher tem TPM. Pelo menos 15 dias em cada mês a gente vive num turbilhão de emoções e sentimentos que vão da total alegria ao completo desespero, e tudo isso pode acontecer em menos de 24 horas.
Durante 15 dias a gente sente uma fome voraz - fome de doce, fome de chocolate, fome de sexo - sendo essa última a melhor de todas, que não faz mal à saúde e não engorda.
Então, junto com a fome e o desespero, junto com a alegria, vem uma incompreensível vontade - ou será necessidade - de brigar! E a gente briga, ah! como a gente briga!
Tudo, absolutamente tudo vira motivo pra brigar. E eu não estou falando de qualquer briguinha não! Estou falando de briga pra valer! Coisa de gente grande! Coisa de destruir a casa ou de terminar casamento! Ou como disse minha amiga: "é um ódio que vem do centro de nós, passa pelo estômago e desemboca em quem estiver mais perto".
É sério... é muito sério...
Como se não bastasse, a gente incha, os peitos doem, as pernas pesam, a barriga cresce...
Então, depois de todo esse sofrimento, depois da depressão, da ira, da fome e da desesperança, quando tudo poderia começar a melhorar... sangramos!
Sim... sangramos de 5 a 7 dias, sentimos cólicas, dores nas costas, fazer um simples xixi pode se tornar um martírio...
Temos que ir ao banheiro com frequència, trocar o absorvente (que diga-se de passagem, por mais fino que seja é sempre um incômodo), manter uma higiene impecável porque qualquer vacilo pode causar um transtorno maior no futuro.
Felizmente, depois de todo esse martírio, ao qual acabamos nos acostumando ao longo da vida, temos uma semana inteira de calmaria. Nenhuma dor, nenhum inchaço, nenhum sofrimento, nada de depressão, nem choro, nem surtos repentinos. Ah! Uma semana! Sete longos dias!
Mas calma! Não se empolgue porque a calmaria dura apenas uma semana. E então, começa tudo de novo!
E assim a vida segue durante 20, 30 anos e a gente acaba achando que viver esse turbilhão é normal.
Mas não é! Porque além de tudo isso, temos família pra cuidar, marido pra dar, trabalho pra realizar, chefe pra aturar...
E com frequência, ainda ouvimos "você é louca!"
Agora eu pergunto: com uma rotina dessas, dá pra não ser?

domingo, 27 de junho de 2010

A Frida Kahlo que há em nós

Eu descobri as obras de Frida Kahlo há aproximadamente 5 anos. Estava percorrendo a net em busca de imagens interessantes e me deparei com as obras dela. Fiquei tão curiosa sobre essa mulher que comecei a devorar informações a seu respeito. Assim, cheguei ao filme, feito em 2002 e que tem Salma Hayeck no papel principal.

Frida foi uma mulher especial. Sua história deixaria Freud deliciado, já que ela soube como ninguém elaborar seus sentimentos de forma criativa, produtiva e totalmente catártica.

Tudo nela era exagero: amava demais... odiava demais... parecia não haver limites pra ela, mesmo quando a vida os impunha.

Quantas vezes nos dobramos diante de dificuldades, dores, doenças, reclamamos da sorte e nos entregamos, desanimamos, deprimimos. Mas isso não era pra Frida. Ela fez de cada dificuldade um momento de superação. Ela deve ter sofrido, muito, sim! As dores que sentia, as limitações e a incapacidade de encontrar uma cura para o seu problema, sem contar a dor de um amor bandido, já que seu marido, Diogo Rivera, nunca a poupou de saber de seus constantes casos com outras mulheres.
Ou a dor da perda de um filho e da incapacidade de voltar a engravidar. Tudo isso poderia tê-la posto a nocaute. Mas ela nunca desistiu.

Ao contrário disso, a cada perda, a cada dor ela criava - e como criou bem!

Suas obras de arte são genuínas manifestações de seu inconsciente sofrido, dolorido. Suas pinturas conseguem transmitir com riqueza de detalhes toda sua angustia, suas tristezas, as tantas perdas que sofreu.

Se ela tinha um lado de perdida, descontrolada, maluca, igualmente tinha uma indiscutível genialidade. E aliás, não é sempre essa a medida que faz os grandes nomes da humanidade?

Essa é uma mulher admirável, por tudo que viveu e por tudo que fez. Merece ser lembrada por todas as mulheres naqueles momentos em que a vida parece pesada demais, dura demais, injusta demais.

Nada nunca é demais se soubermos driblar cada dificuldade, usando o que vier de ruim em nosso favor.