Via de regra os educadores compreendem os
processos da aprendizagem, porém muito raramente conhecem os caminhos cerebrais
por onde passam esses processos.
Se eu perguntar a um educador o que significa
aprender, poderei obter variadas repostas. Porém, do ponto de vista
neurobiológico, a aprendizagem resume-se a aquisição de novos comportamentos e
novas habilidades e isso se dá por meio de processamentos neurais.
Dessa forma, entender de que maneira isso se
processa no sistema nervoso torna-se importantíssimo para melhorar o processo
de ensino-aprendizagem e também para otimizar seu tempo em sala de aula.
Além disso, é preciso compreender que
aprender ou não, depende de uma série de fatores biológicos, fisiológicos,
psicológicos, etc e que se alguma coisa nessa estrutura não funciona, o
processo de aprendizagem será prejudicado.
É preciso ainda prestar atenção ao fato de
que não aprender é diferente de ter um bom ou mau desempenho escolar. Uma criança pode
apresentar um mau desempenho escolar mas fora da escola conseguir assimilar
todo tipo de informação. Por exemplo: a criança é capaz de decorar nomes de
personagens de desenhos, interagir com tablets ou computadores, nomear as
cores, mas é incapaz de assimilar o conteúdo passado pelo professor em sala de
aula.
Por que?
Porque para que o indivíduo seja capaz de
aprender, entre outros fatores, o ambiente em que ele está inserido deve ser favorável a essa
aprendizagem. Podemos pensar num bom exemplo: se um aluno sofre bullying na
escola, dificilmente seu desmpenho escolar será bom. E se esse aluno for
transferido para outra escola, muito provavelmente terá uma melhora
significativa nesse desempenho. Portanto, não são apenas os fatores internos
(biológicos, físicos) que interferem na aprendizagem, mas também os fatores
externos (ambiente escolar ou familiar).
Leonor
Bezerra Guerra diz que “o sistema nervoso precisa estar direcionado à
experiência. Se o professor não consegue chamar a atenção do aluno para que as
redes neurais sejam ativadas, ele não vai memorizar e armazenar informações”.
(Ultimo Segundo-Educação, 2014).
Para
que ocorra a aprendizagem, é preciso que haja significação do conteúdo, para o
aluno. Se o sistema nervoso não conseguir se interessar por aquilo que está
sendo passado pelo professor, não assimilará o conteúdo e a aprendizagem não
acontecerá. Nesse caso, o que acontecerá será somente a armazenagem de
conteúdos na memória de curto prazo (ou memória de trabalho) mas não a fixação
desses.
Isso
é apenas uma pequena amostra do que as neurociências e a Neuropsicologia podem
fazer pelo professor e, nesse contexto a Neuropsicologia é uma ciência que
poderá auxiliar o professor a compreender melhor os processos neurobiológicos e
psicológicos envolvidos na aprendizagem e, com isso, planejar suas aulas de
forma a serem mais efetivas para o processo educacional, passando por novas
formas de passar o conteúdo até chegar a novos processos de avaliação.
A Neuropsicologia
poderá também auxiliar a tomada de decisões relacionadas a ajuste de horários
das turmas, quantidade e qualidade das tarefas a serem realizadas dentro de
cada disciplina, além, claro, de auxiliar o professor a detectar em seus
alunos, possíveis transtornos, síndromes ou doenças que possam estar
interferindo em seu desenvolvimento escolar.

O trabalho Neuropsicologia e Educação: a importância da interação entre os saberes de Desiree dos Reis Sergente está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://desireesergente.blogspot.com.br/2015/02/neuropsicologia-e-educacao-importancia.html.
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