quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Neuropsicologia e Educação: a importância da interação entre os saberes

Via de regra os educadores compreendem os processos da aprendizagem, porém muito raramente conhecem os caminhos cerebrais por onde passam esses processos.
Se eu perguntar a um educador o que significa aprender, poderei obter variadas repostas. Porém, do ponto de vista neurobiológico, a aprendizagem resume-se a aquisição de novos comportamentos e novas habilidades e isso se dá por meio de processamentos neurais.
Dessa forma, entender de que maneira isso se processa no sistema nervoso torna-se importantíssimo para melhorar o processo de ensino-aprendizagem e também para otimizar seu tempo em sala de aula.
Além disso, é preciso compreender que aprender ou não, depende de uma série de fatores biológicos, fisiológicos, psicológicos, etc e que se alguma coisa nessa estrutura não funciona, o processo de aprendizagem será prejudicado.
É preciso ainda prestar atenção ao fato de que não aprender é diferente de ter um bom ou mau desempenho escolar. Uma criança pode apresentar um mau desempenho escolar mas fora da escola conseguir assimilar todo tipo de informação. Por exemplo: a criança é capaz de decorar nomes de personagens de desenhos, interagir com tablets ou computadores, nomear as cores, mas é incapaz de assimilar o conteúdo passado pelo professor em sala de aula.
Por que?
Porque para que o indivíduo seja capaz de aprender, entre outros fatores, o ambiente em que ele está inserido deve ser favorável a essa aprendizagem. Podemos pensar num bom exemplo: se um aluno sofre bullying na escola, dificilmente seu desmpenho escolar será bom. E se esse aluno for transferido para outra escola, muito provavelmente terá uma melhora significativa nesse desempenho. Portanto, não são apenas os fatores internos (biológicos, físicos) que interferem na aprendizagem, mas também os fatores externos (ambiente escolar ou familiar).
Leonor Bezerra Guerra diz que “o sistema nervoso precisa estar direcionado à experiência. Se o professor não consegue chamar a atenção do aluno para que as redes neurais sejam ativadas, ele não vai memorizar e armazenar informações”. (Ultimo Segundo-Educação, 2014).
Para que ocorra a aprendizagem, é preciso que haja significação do conteúdo, para o aluno. Se o sistema nervoso não conseguir se interessar por aquilo que está sendo passado pelo professor, não assimilará o conteúdo e a aprendizagem não acontecerá. Nesse caso, o que acontecerá será somente a armazenagem de conteúdos na memória de curto prazo (ou memória de trabalho) mas não a fixação desses.
Isso é apenas uma pequena amostra do que as neurociências e a Neuropsicologia podem fazer pelo professor e, nesse contexto a Neuropsicologia é uma ciência que poderá auxiliar o professor a compreender melhor os processos neurobiológicos e psicológicos envolvidos na aprendizagem e, com isso, planejar suas aulas de forma a serem mais efetivas para o processo educacional, passando por novas formas de passar o conteúdo até chegar a novos processos de avaliação.

A Neuropsicologia poderá também auxiliar a tomada de decisões relacionadas a ajuste de horários das turmas, quantidade e qualidade das tarefas a serem realizadas dentro de cada disciplina, além, claro, de auxiliar o professor a detectar em seus alunos, possíveis transtornos, síndromes ou doenças que possam estar interferindo em seu desenvolvimento escolar.

Licença Creative Commons
O trabalho Neuropsicologia e Educação: a importância da interação entre os saberes de Desiree dos Reis Sergente está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://desireesergente.blogspot.com.br/2015/02/neuropsicologia-e-educacao-importancia.html.

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