quinta-feira, 6 de abril de 2017

Jogos e seu uso terapêutico

Hoje eu gostaria de conversar com você a respeito do uso de jogos como recurso terapêutico, seja em Psicologia, Neuropsicologia, Psicopedagogia ou ainda no contexto escolar.
Os jogos são uma boa maneira de atingir uma série de objetivos de forma tranquila.
Durante o jogo o paciente se entrega à brincadeira e a terapia acontece de forma descontraída e com resultados bastante expressivos, sobretudo com crianças. Porém, o que para muitos pode parecer surpresa, adolescentes mais velhos e adultos também se sentem confortáveis em realizar jogos na terapia, interagindo de muito boa vontade com o recurso.
Eu vou deixar para você uma lista de alguns dos jogos que eu utilizo como recurso terapêutico e os objetivos que pretendo alcançar com cada um deles. Além dessas jogos, existem muitos outros que você pode utilizar, bastando apenas planejar os recursos que deseja que cada um deles ofereça a seus pacientes.
Vale lembrar ainda que muitas vezes planejamos o uso de um determinado instrumento na terapia do dia, mas nem sempre o paciente está de acordo conosco e precisamos então ter sempre um plano B, uma carta na manga para o caso de o paciente não render como o esperado ou não aceitar aquele recurso naquele dia, porque não vale forçar o paciente a realizar o que ele não deseja, já que se isso acontecer, não obteremos os resultados esperados, pois haverá um bloqueio por parte do paciente com relação à atividade aplicada.
É importante também que o jogo esteja adequado para faixa etária da pessoa com a qual você vai trabalhar, pois se for muito fácil ou muito difícil, poderá fazer com que seu paciente perca o interesse.
Dito isso, vamos aos jogos que eu escolhi para compartilhar com vocês.

KALEIDOS JÚNIOR



Kaleidos Junior é um jogo da Grow que lembra um pouco o Lince nos objetivos e na forma de jogar. Porém, a grande sacada do Kaleidos Junior são as pranchas lindamente desenhadas pela artista plástica francesa Elena Prette, que chamam muito a atenção de crianças, jovens e até mesmo de adultos. Vem também acompanhado de uma roleta onde constam as letras do alfabeto, cores e categorias de coisas (coisas frágeis, coisas macias, coisas que fazem barulho, etc). O terapeuta escolhe previamente o que vai utilizar na sessão, dependendo de seu objetivo. Por exemplo, se o objetivo estiver em trabalhar letramento, poderá utilizar as letras e fazer com que a criança procure em sua prancha todas as figuras que comecem com aquela letra. E assim por diante.
Cada participante recebe uma prancha com o mesmo desenho (podem jogar até quatro pessoas) e as fichas da mesma cor de suas pranchas (as bordas das pranchas tem cores diferentes). O ideal é que um jogador não tenha acesso visual à prancha do outro, para evitar a "cola".
Quando todos estiverem posicionados, um jogador roda a roleta, posiciona a ampulheta e se inicia a partida.
Assim que a ampulheta terminar de marcar o tempo, todos param e um de cada vez descreverá as figuras que marcou. De acordo com as respostas, o terapeuta poderá trabalhar os erros e os acertos da melhor maneira que quiser.
Você pode ainda utilizar as pranchas para trabalhar a criatividade e a imaginação, pedindo que o paciente escolha uma das pranchas e conte uma história sobre ela.
Esse jogo é maravilhoso como recurso terapêutico porque pode trabalhar:
  • atenção
  • concentração
  • alfabetização
  • transtornos de aprendizagem
  • reconhecimento de cores
  • acuidade visual
  • coordenação visomotora
  • controle inibitório
  • discriminação
  • raciocínio lógico
  • memória
  • imaginação
  • criatividade  
 Atualmente esse jogo custa por volta de R$ 69,00e é para jogadores a partir de 7 anos de idade.


BANCO IMOBILIÁRIO SUSTENTÁVEL



Essa é a mais nova versão do Banco Imobiliário, da Estrela. O que essa versão tem de legal é que é todinha sustentável, feita com plástico de cana de açúcar e papelão reciclado e o foco principal é, conforme informa a Revista Crescer "a educação ambiental. A versão ecológica foi resultado de uma parceria entre a Estrela, fabricante do jogo, e a Braskem, petroquímica brasileira especialista em resinas termoplásticas".
Eu uso o Banco Imobiliário Sustentável para trabalhar dificuldades de manuseio de dinheiro, contagem e cálculo matemático em geral. Ao lançar os dados, somar o valor e precisar calcular quantas casas precisa andar, a criança ou o adolescente precisara utilizar a soma. Ou ainda, precisará multiplicar o valor dos dados pela cota de uma determinada empresa para pagar um imposto, fazendo com que a criança ou o adolescente realize cálculos básicos Além disso, seguindo o objetivo principal do jogo, pode-se utiliza-lo para conscientização ambiental.
Como o jogo é longo, eu faço algumas adaptações para que caiba em uma hora de sessão, mas isso fica a critério de cada um.
Atualmente esse jogo custa entre R$ 59,90 e R$ 99,90 e é para jogadores a partir de 8 anos de idade.


BATALHA NAVAL

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzdYbaC4ULhp7rFE5Wp8CmiiUAqfoyuV1LoBC2JV71bkTtgSyVP2oQe1naWIcvMdiZlw-IVT2ihv1jUg32OYCLs3qRqpPhyphenhyphen67gQyHE1cSP3g-Jr01URmMmSQvcIrTU5p8-1qKfnznSrq67/s1600/16.jpg


Batalha Naval é um jogo super antigo e super divertido também. Existem vários tipos disponíveis no mercado, mas eu utilizo esse que está aí em cima na figura (basta clicar para baixar e imprimir em duas folhas sulfite, uma para cada jogador).
Cada jogador dispõe em seu oceano (seu jogo), as embarcações da forma como desejar. A única exigência é que entre uma e outra exista pelo menos o espaço de um quadradinho (uma água).
Na sua vez, cada jogador faz três tentativas de acertar os navios do adversário e vai marcando seus erros e seus acertos no oceano ao lado (jogo do adversário). Quando perder completamente seu navio, o jogador deverá dizer "afundou" e dizer qual navio se perdeu. Se o adversário acertar um espaço vazio, o jogador deverá dizer "água" para que o adversário possa marcar o que atingiu. Ganha o jogo quem conseguir afundar todos os navios do adversário.
Veja um exemplo de marcação:

Geralmente é um jogo rápido e dependendo dos jogadores, a gente consegue jogar até duas partidas em uma sessão.
O conceito básico é bastante fácil mas ele vai exigir dos jogadores uma série de habilidades, entre elas:
  • raciocínio lógico
  • acuidade visual
  • atenção
  • concentração
  • coordenação visomotora
  • contagem
  • cálculo
  • reconhecimento de letras e números
  • conceito de cheio e vazio 
Fica mais fácil se você utilizar lápis de cores diferentes para cada tipo de embarcação.

WIZZARD - A minha versão

Há um tempo, na loja virtual da Copag eu encontrei esse jogo em baralho que achei bem bonito e interessante. Porém, confesso que jamais entendi as regras e, por isso, resolvi adaptar fazendo uma mistura de Mau Mau e Rouba Monte. Eu jogo da seguinte forma: embaralho as cartas, distribuo 10 para cada jogador e o restante fica sobre a mesa. Cada jogador na sua vez coloca uma carta sobre a mesa que só poderá ser "roubada" por uma carta de valor igual ou superior. A carta do Mago rouba qualquer uma e o Bobo perde para todas.
Ganha o jogo quem terminar com o maior monte.

Esse jogo é interessante porque trabalha o conceito de maior e menor, contagem, reconhecimento de números, além de ser excelente para exercitar o desapego, já que em algum momento do jogo o jogador poderá perder todas as suas cartas e terá que recomeçar. Pacientes com dificuldades de interação social não gostarão muito desse jogo, inicialmente, justamente porque não vão querer dividir suas cartas com ninguém. Porém, ao longo do tempo esse tipo de jogo pode ser um recurso interessante. Como todas as cartas de uma cor se conectam, você pode também utilizar como recurso para exercício de criatividade, trabalhando ainda as questões que surgirem na criação da história, pelo paciente, de acordo com seu histórico.

Essas foram as dicas de hoje, mas existem muitos outros jogos com os quais eu trabalho e aos pouquinhos vou colocando aqui pra você como forma de sugestão para enriquecer ainda mais o seu trabalho.
Lembrando que todos esses jogos podem ser utilizados em sala de aula, integrando diversas disciplinas, trabalhando os conteúdos de acordo com as suas necessidades.








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