terça-feira, 18 de novembro de 2014

TDAH - O que é?

Sabe aquela criança que não para, que pula, corre, grita, derruba as coisas, bate nos amigos, no irmão, faz mil coisas ao mesmo tempo e tem dificuldades em dormir? Essa criança pode ser portadora de TDAH.
TDAH é a sigla usada para Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Sabe-se que 3% a 5% das crianças em idade de alfabetização pelo mundo são portadoras de TDAH. Adultos também podem apresentar esse transtorno.
Suas características são basicamente a desatenção, a hiperatividade e a impulsividade. Porém o portador do transtorno pode apresentar apenas uma das características, sem as outras duas presentes. Isso é o que se chama predominância.
É muito comum que crianças portadoras de TDAH apresentem outros tipos de problemas como: depressão, irritabilidade, baixa autoestima, agressividade, medos, insegurança, comportamento desafiador, etc.
Por outro lado, crianças com outros transtornos escolares podem ser erroneamente diagnosticadas como portadoras de TDAH. Por isso, o diagnóstico preciso é tão importante.

A criança com TDAH, na escola, é aquele aluno que tem dificuldade de ficar sentado, que constantemente provoca os colegas, que derruba seu material o tempo todo, que parece estar sempre no mundo da lua e via de regra não consegue acompanhar o conteúdo programático, mesmo não apresentando nenhum déficit de inteligência.
Na Europa a porcentagem de casos diagnosticados de TDAH difere dos números apontados na América, por exemplo. Só para se ter uma idéia, nos Estados Unidos 9% das crianças foram diagnosticadas como portadoras de TDAH e estão sendo tratadas com medicamentos, enquanto na França, apenas 0,5% das crianças possuem esse diagnóstico. Segundo estudos, isso ocorre porque os europeus entendem que os sintomas do TDAH estão muito mais ligados a questões psicossociais, que podem ser modificadas por meio de mudanças de atitude dos pais e educadores, psicoterapia e aconselhamento familiar. Já para os médicos americanos - e também para os médicos brasileiros, o TDAH está ligado a questões biológicas e por isso deve ser tratado com medicação.
Um dos grandes questionamentos está na excessiva classificação de transtornos e doenças, sobretudo com o recém lançado DSM - V (Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais). Segundo o DSM-V, até mesmo o luto após a morte de um ente querido pode ser considerado um transtorno grave. Dessa forma, a excessiva classificação pode ser fruto de uma crescente tendência à medicalização, sem contudo expressar corretamente as causas existentes por trás dos ditos transtornos e os tratamentos mais eficazes. Por esse motivo a França criou seu próprio manual, denominado CFTMEA (Classification Française des Troubles Mentaux de L’Enfant et de L’Adolescent), criado em 1983.

Porém, estudos recentes feitos por fMRI (Ressonância Magnética funcional por Imagem) mostram que o cérebro de portadores de TDAH possui um mal funcionamento nas áreas responsáveis pela concentração, pela memória e pelo controle inibitório.
Seja como for, seja qual a abordagem a ser seguida, a criança com sintomas de TDAH precisa de acompanhamento especializado para que se minimizem ou cessem os sintomas e também se evitem ou tratem as comorbidades comuns nesse tipo de situação.
Em Neuropsicologia é possível se realizar uma reabilitação voltada para a desatenção, as dificuldades de concentração, para a impulsividade e para a agitação sem o uso de medicamentos.
A escolha da melhor terapia deve ser preferencialmente feita por uma equipe multidisciplinar e a família deve ser orientada sobre os pontos favoráveis e desfavoráveis de todas as alternativas de tratamento e sua contribuição na decisão do melhor caminho, é muito importante.

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REFERÊNCIAS

BENCZIK, Edyleine. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade. São Paulo, Casa do Psicólogo, 2014. 
DRUKERMAN, Pamela. Crianças francesas não fazem manha. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
FUENTES, Daniel et al. Neuropsicologia: teoria e prática. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
SOARES, Alessandra E. Neuropsicologia para o novo milênio. São Paulo: All Print Editora, 2012. 
TEIXEIRA, Gustavo. Desatentos e hiperativos. Rio de Janeiro:  Best Seller, 2013.
___________________ Manual dos transtornos escolares. Rio de Janeiro: Saraiva, 2013.
VICARI, Maria Isabel. Melhorando a atenção e controlando a agitação – livro para crianças sobre o TDAH. São Paulo: Thot Cognição e Linguagem, 2006. 

Licença Creative Commons
O trabalho TDAH - o que é? de Desirée dos Reis Sergente está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em 
http://alminquieta.blogspot.com.br/2014/11/tdah-o-que-e.html

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