terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Quando a alfabetização precoce se torna dificuldade escolar

Eu tenho 43 anos e ainda me lembro da minha pré-escola. Na época o ciclo da educação infantil era dividido em maternal, jardim e pré-primário. O pré-primário tinha esse nome justamente porque ali se iniciava a pré-alfabetização, aos 6 anos de idade. Era uma preparação para o então chamado ensino primário. Antes disso, as crianças brincavam muito e faziam atividades de treino motor, preparando para a escrita e para a leitura, que lentamente se iniciava no pré. Não havia lição de casa ou quando havia era pouca coisa. Lembro-me que adorava a lição das ondinhas (treino para a letra C) mas detestava a lição da molinha (treino para a letra E). Aquilo tudo era bastante difícil para uma criança de 4 anos, mas era uma dificuldade que poderia ser superada dentro da maturidade e do desenvolvimento normal esperados para essa idade.
Sabemos que hoje em dia as coisas mudaram bastante. É muito comum hoje, crianças começarem a ser alfabetizadas a partir dos 3 anos de idade e as escolas alardearem essa façanha como mérito para qualificar o nível do sistema de ensino.
Por outro lado, a grande maioria dos pais também entra nessa louca competição para ver se seus filhos começam a ler e escrever antes dos demais, como se isso fosse alguma demonstração de inteligência e até mesmo de superioridade ou ainda, como se isso fosse a certeza de um futuro promissor para a criança.
A psicóloga Rosely Sayão aborda muito bem essa temática no artigo Alfabetização Precoce, publicado na Folha de São Paulo. Segundo ela:
Acelerar a aprendizagem na esperança de uma melhor formação para o futuro é ilusão e equívoco de nossa parte. Cabe aos pais e às escolas a defesa intransigente do direito que a criança tem de ter infância, já que tudo o mais conspira para o desaparecimento dessa fase. Nossas escolhas mostram se realizamos isso ou não.

Cada vez mais cedo, pais saem em busca de auxílio profissional para tentar entender o que está errado com seus filhos que não conseguem aprender. Porém, não estamos falando de crianças de 6, 7, 8 anos de idade e sim, de crianças com 3, 4 ou 5 anos que já estão sendo rotuladas como portadoras de transtornos de aprendizagem, quando na verdade elas nem sequer estão maduras para podermos falar em dificuldades de aprender ou não!
Criou-se uma grande confusão com relação aos estádios de desenvolvimento (postulados por Piaget) e a capacidade de aprendizagem da criança, como se cada estádio fosse um acontecimento único, isolado e como se todas as crianças, dentro da mesma faixa etária, devessem responder igualmente ao processo de aprendizagem.
Isso chega a ser uma aberração, porque as crianças são seres humanos e como tal, são completamente diferentes umas das outras. Uma criança não pula de um estádio para outro como num passe de mágica. Isso vai ocorrendo gradualmente, ao longo do desenvolvimento, sendo que umas crianças avançam mais do que outras num processo completamente normal.
Mas, com essa mais nova moda de alfabetizar precocemente, todas são colocadas num mesmo patamar dentro de uma média esperada e sendo assim, espera-se que uma criança entre 4 e 5 anos já seja capaz de escrever, ler e compreender seu nome, reconhecer vogais, números de 0 a 10 e até muitas vezes, dependendo do caso, realizar operações matemáticas simples.
Porém, é bom que se lembre que uma criança nessa idade está começando a ter maturidade mental e neuronal para poder formar noções de número, quantidade, abstração, juntar e compreender o todo, etc. Portanto, querer forçar a natureza dessas crianças está causando mais mal do que bem.
A escola moderna está gerando e alimentando pais ansiosos e crianças ansiosas, angustiadas e estressadas, porque num momento crucial de suas vidas onde o brincar deveria ser a principal preocupação, elas estão sendo cobradas a terem responsabilidades e uma compreensão de mundo que elas simplesmente não conseguem ter!
Alguém poderá argumentar que hoje em dia as crianças são mais inteligentes, mais ativas e mais maduras do que há 40 anos atrás. Sim, eu vou concordar. Porém, algumas coisas não mudaram e novamente volto a dizer que não podemos generalizar. Se formos a uma sala de aula de crianças entre 4 e 5 anos, vamos notar muitas diferenças maturacionais entre elas. Algumas já estarão lendo, outras mal saberão desenhar as letras, pois ainda precisarão de mais trabalho de coordenação motora e precisarão de mais maturidade neurológica para poder chegar a essa etapa.
Quando os psicólogos educacionais defendem, de forma geral, a importância do brincar, não estão querendo dizer que todo o resto deve ser abandonado. O que estamos querendo dizer é que a criança aprende brincando antes de qualquer outra coisa. Em cada fase de desenvolvimento, a criança pode tomar contato com letras, números, frases, mas isso tudo deve ser feito de forma lúdica, leve, fazendo com que a criança vá compreendendo aos poucos do que se trata tudo aquilo. Os pais e as professoras podem e devem ler para as crianças, ler junto com elas livros com figuras, desenhos, cativar o gosto pelas letras. Mas não devem forçar uma criança de 4, 5 anos a produzir textos, quando isso é algo antinatural. Ela contará muitas histórias mas não deverá ser forçada a escrever suas histórias, porque isso poderá matar sua criatividade, ao se deparar com uma situação que poderá não ser capaz de enfrentar.
Afinal, de que adianta sentar a criança numa mesa, colocar um caderno quadriculado em sua frente cheio de números, letras, enunciados enormes para cada lição, solicitando que ela preencha lacunas, escreva ou copie frases, quando ela sequer é capaz de compreender o significado do que está fazendo?
Pular etapas, acelerar a alfabetização da criança não está criando uma geração de crianças mais inteligentes ou com um futuro melhor. Pelo contrário, está gerando crianças que aos 4 anos de idade não querem ir à escola por saberem que não conseguirão acompanhar as lições, crianças ansiosas por terem que atingir metas que não são capazes e pais excessivamente preocupados com o desempenho escolar de seus filhos, como se aos 4 anos de idade o fato de espelhar as letras ou não conseguir escrever o próprio nome, seja prenúncio de um adulto fracassado.
Crianças devem sim, ser estimuladas, mas até que ponto o sistema de ensino atual mascara pressão excessiva sob a forma de estimulação?
Fica a reflexão.

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quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Doença de Parkinson



Algumas doenças neurológicas podem apresentar sintomas semelhantes e por esse motivo a avaliação criteriosa e cuidadosa deve ser ponto de partida para o diagnóstico mais preciso.
Antigamente conhecida como Mal de Parkinson, atualmente denominada Doença de Parkinson, foi descrita pela primeira vez em 1817, pelo médico inglês James Parkinson.
É uma doença que afeta um local do cérebro conhecido por substância nigra fazendo com que essa região se deteriore e perca sua função normal. Os neurônios dopaminérgicos dessa região começam a morrer e consequentemente a dopamina fica diminuída, causando assim a doença e seus sintomas.
O doente de Parkinson, no início da doença, passa a observar sinais mais ou menos clássicos, como tremor de repouso (as mãos tremem mesmo quando pousadas em algum lugar), perda da força nas mãos, sobretudo na mão dominante, dificuldade em escrever (a caligrafia começa a se tornar pequena e tremida). Se não houver tratamento, a doença progredirá para graus mais graves, comprometendo o caminhar, a postura, etc.
O paciente poderá apresentar prejuízos cognitivos tais como: déficits no controle inibitório, na flexibilidade cognitiva, na memória de trabalho, no planejamento e na atenção. Poderão ocorrer também déficits na linguagem, sobretudo na fluência verbal.
Com relação à demência, nem todas as pessoas com Doença de Parkinson vão apresenta-la, porém estima-se que 1/3 dos portadores de Parkinson acabem desenvolvendo uma condição demencial. A demência deverá ocorrer em casos mais avançados da doença ou em pessoas que adquirem Parkinson em idade mais avançada. De qualquer forma, como já descrevemos os prejuízos cognitivos, os sintomas na demência de Parkinson serão relacionados a esses déficits (processos de pensamento mais lentos, letargia, dificuldade ou perda da capacidade de tomada de decisão, de planejamento, de raciocínio e para lidar com situações novas). Poderá haver sintomas menos frequentes como perda de controle emocional, angustia, depressão ou explosões de raiva e delírios. Porém, esses últimos sintomas poderão ser desencadeados ou acentuados pela própria medicação. Por esse motivo, é necessário um acompanhamento cuidadoso do doente, para que se possa verificar até que ponto será necessária a troca por outra medicação à qual o paciente seja melhor adaptado.
Existe ainda uma condição chamada de Parkinsonismo Secundário onde o doente apresenta sintomas da Doença de Parkinson, porém tal condição não necessariamente é causada pela doença, embora essa ainda seja sua principal causa.
Embora 70% dos casos de parkinsonismo secundário, sejam causados pela própria Doença de Parkinson, outros 30% podem ter causas tóxicas (como causadas pela ingestão de certos medicamentos), metabólicas ou outras condições neurológicas. Nos casos de parkinsonismo secundário, após exames laboratoriais e investigação minuciosa, suspendendo-se a possível causa da síndrome (intoxicação medicamentosa, intoxicação por produtos químicos, causas metabólicas, etc), os sintomas melhoram podendo até mesmo desaparecer. Isso não ocorrerá na Doença de Parkinson propriamente dita, onde a remissão dos sintomas ocorrerá apenas com a utilização de drogas específicas, com tratamentos de indução elétrica transcraniana ou ainda com cirurgia específica.
Segundo o Hospital Sírio-Libanês, “o conjunto de sinais e sintomas neurológicos chamado de síndrome parkinsoniana ou parkinsonismo é composto por tremores, lentidão e pobreza dos movimentos voluntários (acinesia ou bradicinesia), rigidez (enrijecimento dos músculos, principalmente no nível das articulações), instabilidade postural (dificuldades relacionadas ao equilíbrio, com quedas frequentes)”.
E muito importante é o diagnóstico preciso da doença, com a realização de exames clínicos, escuta do paciente, da família, exames de imagem para que se possam excluir outras doenças que porventura se assemelhem aos sintomas do Parkinson (como a demência por corpúsculos de Levy, por exemplo) ou mesmo o parkinsonismo secundário, proporcionando assim, ao paciente, a melhor terapêutica para seu caso específico.



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REFERÊNCIAS

ALZHEIMER´S AUSTRALIA. Drugs used to relieve behavioural & psychological symptoms of dementia. Disponível em Acesso em 27/11/2014

____________________ What is dementia? Disponível em Acesso em 27/11/2014.

ASSOCIAÇÃO PARAENSE DOS PORTADORES DE PARKINSON. O que é doença de Parkinson? Disponível em Acesso em 26/11/2014.

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE FAMILIARES E AMIGOS DOS DOENTES DE ALZHEIMER. Doença de Parkinson e Demência. Disponível em Acesso em 27/11/2014.

HOSPITAL SÍRIO-LIBANÊS. Doença de Parkinson – Parkinsonismo. Disponível em Acesso em 26/11/2014.

PAULA, Jonas Jardim et all. Exame neurpsicológico de pacientes com comprometimento cognitivo leve e demência. in FUENTES, Daniel et all. Neuropsicologia: teoria e prática. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.




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sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Sete mitos sobre a educação e transtornos de aprendizagem na criança

Gostaria de falar um pouco sobre alguns mitos muito comuns a respeito da educação e dos transtornos de aprendizagem na criança. São coisas que ouvimos todos os dias, são repetidas constantemente, porém fazem parte apenas do senso comum, não necessariamente refletindo uma realidade. Vamos a eles.

MITO 1: A culpa é sempre dos pais.
Embora os pais, e principalmente a mãe tenham um papel importantíssimo na formação afetivo-emocional e educacional da criança, nem todos os problemas que a criança vai apresentar são culpa dos pais.
Aliás, falar em culpa é imputar aos pais uma responsabilidade que eles não possuem, pois mesmo que geneticamente alguma doença ou algum transtorno tenha sido transmitido, ainda assim não é adequado falar em culpabilidade, pois tratamos de algo que foge à capacidade de controle de qualquer pessoa. Dessa forma, dizer que a criança não aprende porque a culpa é dos pais que não forçam, não educam, não estimulam, ou seja por que motivo for, não é verdade. Nem todos os pais são negligentes com seus filhos e muitas vezes, mesmo cercando a criança de cuidados e atenção, ela não aprende e não se desenvolve, pois os motivos vão além da educação ou da falta dela.

MITO 2: Crianças com transtornos de aprendizagem nunca conseguirão ter um bom desempenho escolar.
Mesmo crianças que tenham algum tipo de transtorno de desenvolvimento que influencie em sua aprendizagem podem vir a ter um bom desempenho escolar, desde que o problema seja detectado precocemente e essa criança seja acompanhada por um profissional que cuidará de seu desenvolvimento. Por isso é muito importante que o professor esteja atento aos seus alunos e a suas mudanças de comportamento ou dificuldades de aprendizagem, bem como os pais devem procurar ajuda de um profissional de saúde quando desconfiarem de que alguma coisa está errada com seu filho.

MITO 3: Crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista) são limitadas e por isso não precisam ser estimuladas.
Crianças com TEA precisam e devem ser estimuladas sim, como qualquer outra criança, pois além de terem o direito de estarem em uma escola regular e participar do processo de aprendizagem normalmente, têm condições de se desenvolverem mesmo que dentro de algumas limitações. Ser portador de TEA não é sinônimo de falta de inteligências. Existem diversos graus de autismo e crianças com essa condição devidamente tratadas, podem desenvolver muitas habilidades e, inclusive, ter inteligência acima da média. Portanto, além do atendimento multiprofissional adequado, crianças portadoras de TEA precisam de apoio adequado dentro da sala de aula e da escola como um todo.

MITO 4: TDAH é uma doença inventada.
Como vimos, o TDAH não é uma doença inventada, nem mesmo é uma doença e sim, um transtorno. Existem indícios de que crianças com TDAH tenham sido identificadas já na Grécia antiga e mais tarde, no século XIX foram tratadas como crianças portadoras de distúrbios de comportamento. 

Existem ainda algumas controvérsias sobre o grande abuso de medicamentos para tratar o TDAH e muitos estudos vem sendo feitos na área da neurologia e da neuropsicologia, porém o que já se sabe é que o cérebro do portador de TDAH apresenta mudanças reais, se comparado ao cérebro de não portadores. Portanto, o TDAH não é uma doença inventada  e quanto mais esse transtorno for divulgado e estudado, menos crianças e adultos sofrerão por não encontrarem tratamento adequado para suas dificuldades.

MITO 5: Criança que não quer estudar deve ser castigada, pois se trata apenas de preguiça.
A criança que tem resistência a ir à escola ou a estudar pode estar enfrentando problemas reais com os quais não consegue lidar sozinha e ao invés de castigos, gritos, agressão, necessita de ajuda profissional.
Pressão por parte de professores e pais não vai fazer com que essa criança se dedique mais aos estudos ou tenha vontade real de ir à escola. Pelo contrário, esse tipo de comportamento dos adultos fará com que a criança resista cada vez mais às atividades escolares e tenha cada vez menos capacidade de se desenvolver satisfatoriamente.
Cabe aos adultos – professores e pais – perceberem quando se trata de comportamentos inerentes à faixa etária da criança ou comportamentos que fogem ao padrão esperado. Embora essa seja uma linha tênue, é saber fazer essa distinção que vai fazer a diferença entre o fracasso e o sucesso da criança.

MITO 6: Medicar a criança a fará ficar dependente.
Na verdade atualmente os medicamentos estão bastante modificados e raramente causam dependência, sobretudo os que são voltados à pediatria.
Nem sempre a criança precisa ser medicada mas muitas vezes a medicação regula o comportamento, diminui a falta de concentração, a irritabilidade, a agitação, entre outros sintomas. Porém, qualquer que seja o caso somente um médico neuropediatra ou psiquiatra infantil poderá decidir qual é o melhor tratamento para cada síndrome, transtorno ou doença da criança.

MITO 7: Somente a medicação basta.
Esse é um mito bastante divulgado principalmente no meio médico, mas o fato é que embora a medicação seja um meio de controle, em alguns casos não traz a cura porque existem transtornos que ainda não são curáveis.
O que ocorre é que a maioria das crianças que apresentam transtornos do desenvolvimento que prejudicam seu desempenho escolar acabam desenvolvendo o que se chama de comorbidades, ou seja, doenças paralelas. Por exemplo: uma criança que sofre bullying poderá tornar-se apática, depressiva ou irritadiça e agressiva. Quando isso ocorre é preciso investigar para saber o que de fato está causando esses sintomas na criança e resolve-los por meio de intervenção psicológica, neuropsicológica ou psicopedagógica. Na grande maioria dos casos a medicação sozinha não cura, apenas regula. Terapia traz à tona os conflitos e aí sim, as questões que de fato incomodam a criança poderão ser tratadas.

Em todos os casos é aconselhável que a criança seja cuidada por uma equipe multidisciplinar, formada por médico, psicólogo, fonoaudiólogo, psicopedagogo, conforme o caso e o grau de comprometimento para que possa se desenvolver, ainda que apresentando alguma condição que possa dificultar seu desenvolvimento dito normal.


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terça-feira, 18 de novembro de 2014

TDAH - O que é?

Sabe aquela criança que não para, que pula, corre, grita, derruba as coisas, bate nos amigos, no irmão, faz mil coisas ao mesmo tempo e tem dificuldades em dormir? Essa criança pode ser portadora de TDAH.
TDAH é a sigla usada para Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Sabe-se que 3% a 5% das crianças em idade de alfabetização pelo mundo são portadoras de TDAH. Adultos também podem apresentar esse transtorno.
Suas características são basicamente a desatenção, a hiperatividade e a impulsividade. Porém o portador do transtorno pode apresentar apenas uma das características, sem as outras duas presentes. Isso é o que se chama predominância.
É muito comum que crianças portadoras de TDAH apresentem outros tipos de problemas como: depressão, irritabilidade, baixa autoestima, agressividade, medos, insegurança, comportamento desafiador, etc.
Por outro lado, crianças com outros transtornos escolares podem ser erroneamente diagnosticadas como portadoras de TDAH. Por isso, o diagnóstico preciso é tão importante.

A criança com TDAH, na escola, é aquele aluno que tem dificuldade de ficar sentado, que constantemente provoca os colegas, que derruba seu material o tempo todo, que parece estar sempre no mundo da lua e via de regra não consegue acompanhar o conteúdo programático, mesmo não apresentando nenhum déficit de inteligência.
Na Europa a porcentagem de casos diagnosticados de TDAH difere dos números apontados na América, por exemplo. Só para se ter uma idéia, nos Estados Unidos 9% das crianças foram diagnosticadas como portadoras de TDAH e estão sendo tratadas com medicamentos, enquanto na França, apenas 0,5% das crianças possuem esse diagnóstico. Segundo estudos, isso ocorre porque os europeus entendem que os sintomas do TDAH estão muito mais ligados a questões psicossociais, que podem ser modificadas por meio de mudanças de atitude dos pais e educadores, psicoterapia e aconselhamento familiar. Já para os médicos americanos - e também para os médicos brasileiros, o TDAH está ligado a questões biológicas e por isso deve ser tratado com medicação.
Um dos grandes questionamentos está na excessiva classificação de transtornos e doenças, sobretudo com o recém lançado DSM - V (Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais). Segundo o DSM-V, até mesmo o luto após a morte de um ente querido pode ser considerado um transtorno grave. Dessa forma, a excessiva classificação pode ser fruto de uma crescente tendência à medicalização, sem contudo expressar corretamente as causas existentes por trás dos ditos transtornos e os tratamentos mais eficazes. Por esse motivo a França criou seu próprio manual, denominado CFTMEA (Classification Française des Troubles Mentaux de L’Enfant et de L’Adolescent), criado em 1983.

Porém, estudos recentes feitos por fMRI (Ressonância Magnética funcional por Imagem) mostram que o cérebro de portadores de TDAH possui um mal funcionamento nas áreas responsáveis pela concentração, pela memória e pelo controle inibitório.
Seja como for, seja qual a abordagem a ser seguida, a criança com sintomas de TDAH precisa de acompanhamento especializado para que se minimizem ou cessem os sintomas e também se evitem ou tratem as comorbidades comuns nesse tipo de situação.
Em Neuropsicologia é possível se realizar uma reabilitação voltada para a desatenção, as dificuldades de concentração, para a impulsividade e para a agitação sem o uso de medicamentos.
A escolha da melhor terapia deve ser preferencialmente feita por uma equipe multidisciplinar e a família deve ser orientada sobre os pontos favoráveis e desfavoráveis de todas as alternativas de tratamento e sua contribuição na decisão do melhor caminho, é muito importante.

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REFERÊNCIAS

BENCZIK, Edyleine. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade. São Paulo, Casa do Psicólogo, 2014. 
DRUKERMAN, Pamela. Crianças francesas não fazem manha. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
FUENTES, Daniel et al. Neuropsicologia: teoria e prática. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
SOARES, Alessandra E. Neuropsicologia para o novo milênio. São Paulo: All Print Editora, 2012. 
TEIXEIRA, Gustavo. Desatentos e hiperativos. Rio de Janeiro:  Best Seller, 2013.
___________________ Manual dos transtornos escolares. Rio de Janeiro: Saraiva, 2013.
VICARI, Maria Isabel. Melhorando a atenção e controlando a agitação – livro para crianças sobre o TDAH. São Paulo: Thot Cognição e Linguagem, 2006. 

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domingo, 16 de novembro de 2014

Agressividade infantil

Como vimos anteriormente, uma criança precisa ter uma saúde física em boas condições para poder se desenvolver.
Da mesma forma, não conseguirá crescer e desenvolver uma mente sadia se não for alimentada de afeto, segurança, amor e carinho de forma satisfatória. A mãe precisa estar disponível para a criança sobretudo no primeiro ano de vida porque é nessa fase que a criança vai consolidar seus afetos que se transformarão em memórias afetivas as quais a criança vai carregar para o resto da vida. 
Crianças agressivas estão expressando algo, enviando alguma mensagem ao mundo.
Quando uma criança é criada em um ambiente violento, agressivo, sem carinho e sem um contato positivo com um cuidador (que nesse caso pode ser a mãe ou qualquer outra pessoa que cuide da criança), certamente ela será um adulto com sérias dificuldades emocionais. Posso citar um exemplo recente. Um aluno adolescentefoi se despedir de seu professor dando-lhe uma cutucada de leve no braço sem nenhuma conotação de violência. O professor teve uma reação desmedida frente a esse gesto, vociferando ao aluno que se isso se repetisse tomaria sérias providências. O aluno, visivelmente constrangido, pediu desculpas, disse que não tinha a intenção de agredi-lo ou machuca-lo e que aquele cutucão era apenas uma forma de cumprimento entre ele e seus próprios colegas. Alguns dias depois o professor viu por bem se manifestar diante da classe, que presenciou a cena, e explicou que quando criança seu pai costumava chegar em casa alcoolizado e antes de uma sessão de surra, cutucava seu braço da mesma forma que o aluno teria feito anteriormente. Dessa forma, de alguma maneira, esse professor, um adulto de mais de 40 anos, resgatou em sua memória afetiva um afeto negativo ligado a uma situação dolorosa de sua infância.
Mas antes de se tornar um adulto, a criança afetivamente negligenciada vai apresentar uma série de comportamentos considerados indesejados. Como exemplo podemos pensar no aumento dos históricos de violência escolar, onde são cada vez mais frequentes casos de alunos agredindo professores em sala de aula sendo que o que causa mais espanto nesses casos é a idade das crianças agressoras ser cada vez menor.
Claro que não podemos excluir patologias que podem acometer as crianças e comprometer seu desenvolvimento, mas da mesma forma não devemos apenas rotular uma criança como criminosa, malvada, violenta e deixar de considerar seu histórico de vida na manifestação de determinados comportamentos. Crianças que agridem podem ser crianças agredidas verbal, fisica ou sexualmente. Podem ser crianças cujas famílias estão desestruturadas, podem ser crianças negligenciadas, podem ser crianças gravemente doentes.
Por isso é importante um trabalho de acompanhamento e orientação não apenas da criança como também - e talvez até principalmente - da família para se detectar a dinâmica familiar, as condições em que a criança vive, se sofre maus tratos, como é conduzida sua educação dentro do seio familiar. Crianças com comportamentos seriamente desajustados frente a sociedade precisam sim ser corrigidas, mas também precisam, na maioria das vezes, de tratamento.

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quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Funcionamento cerebral, aprendizagem e comportamento

O sistema nervoso é composto de um intrincado processo de envio de informações, que nada mais são do que impulsos elétricos e atividades químicas. Esses impulsos são enviados para as partes cerebrais que correspondem a cada tarefa ou pensamento que o indivíduo pretende realizar e isso é feito através dos neurônios. Da mesma forma que em nossa casa temos tomadas e fios, que conduzem a energia que vem do poste, do lado de fora da casa, até os aparelhos eletrônicos e fazem com que eles funcionem, guardadas as devidas proporções os neurônios agem como se fossem os fios condutores da energia elétrica dentro do cérebro. Eles levam a informação recebida através do meio externo, até o local exato onde essa informação deverá ser decodificada para que então o “aparelho” específico funcione da forma correta.  Ele recebe essas informações através dos olhos, dos ouvidos, da pele e essa informação é quase que instantaneamente transmitida pelas sinapses cerebrais até a “fonte” geradora do comportamento ou movimento.
Porém, para que possa decodificar essa informação, o cérebro vai utilizar informações que já possui de alguma maneira. Por isso, por exemplo, a criança não consegue aprender a escrever antes que seu cérebro tenha, entre outras coisas, informações suficientes sobre o ambiente que a cerca, pois a partir daí poderá ter subsídios de levar a informação sensorial para a parte motora. Por isso que para adultos é mais fácil aprender a ler e escrever baseando-se em palavras que eles utilizam no dia a dia e com as quais estão acostumados. Assim os caminhos que o cérebro vai utilizar para o aprendizado são, digamos, mais “fáceis”. É o que se chama de associação ou associação de imagens e informações.
É fácil entender esse tipo de situação quando, por exemplo, passamos por uma situação traumática e naquele momento está tocando uma determinada música. Nunca mais vamos conseguir ouvir aquela música sem associa-la à situação ruim. Ou quando comemos uma comida que nos faz passar mal, mesmo que nos seja oferecida a mesma comida de ótima qualidade, nunca mais vamos conseguir comê-la
Para que se dê a aprendizagem, quanto mais executamos uma ação, mais fácil ela se torna. É aquela premissa de que a repetição leva à perfeição, exatamente porque quanto mais a passagem da informação se repete, mais são reforçadas as conexões do neurônio que fazem parte desse caminho. Segundo Sidarta Ribeiro “Dependendo dos tipos de neurotransmissores e receptores envolvidos, tal processo pode determinar tanto a excitação quanto a inibição das células pós-sinápticas.” 
Sendo assim, quanto mais o cérebro repete uma informação recebida, mais rápida essa informação será processada e menos dificuldade encontrará para processá-la. Isso pode ser positivo ou negativo. Digamos que alguém está aprendendo a tocar um instrumento: quanto mais ela repetir a ação de tocar, mais fácil será para o cérebro reconhecer as notas e sua correspondência na pressão dos dedos em locais específicos desse instrumento, levando à perfeição. Mas digamos que uma pessoa tenha pensamentos negativos recorrentes sobre uma determinada situação. Quanto mais ela pensar daquela forma, mais negativos serão os pensamentos (reforçados pelas sinapses) e mais aquela determinada situação lhe parecerá negativa ou impossível de ser resolvida. Essa é a chamada Potencialização de Longo Prazo ou LTP.
Em outra instância, temos a LTD: depressão de longo prazo. Após uma atividade intensa do cérebro, ele perde um pouco sua capacidade de assimilação ou memória. É como se fosse uma fadiga, onde necessita espaço para que possa continuar aprendendo. Nesse sentido, o esquecimento de algumas situações ou mesmo de aprendizagens torna-se necessária. Segundo o site Biblioteca Virtual em Saúde, nos descritores de ciências e saúde a LTD é a “diminuição persistente da eficácia sináptica entre NEURÔNIOS dependente da atividade. Geralmente ocorre após estimulação aferente repetitiva e de baixa frequência, mas pode ser induzida por outros métodos. A depressão de longo prazo parece desempenhar um papel na MEMÓRIA.” Em outras palavras, o cérebro vai abrindo espaço para o que utiliza com mais frequência e vai guardando as memórias que não utiliza com tanta frequência. Porém, a não ser em casos de traumas ou doenças especificas, mesmo essas memórias “guardadas” não são totalmente descartadas. É mais ou menos como se fossem os dados de um HD de computador. Os arquivos que são usados constantemente (LTP) ficam mais fáceis de serem acessados devido ao sistema de indexação, enquanto os arquivos menos usados (LTD) ficam guardados e tem um acesso um pouco mais demorado, pois ficam fora da indexação rápida. 

Os impulsos neuronais passam por diversos neurônios pelo cérebro e não estão concentrados em apenas um ou outro neurônio especificamente. Devido a isso, o cérebro pode “reaprender” tarefas que já sabia executar, mesmo quando sofre grandes lesões. Quanto maior a lesão e quanto mais complexa a tarefa, mais difícil fica de reaprender, mas ainda assim consegue recuperar algum tipo de informação.
Podemos então, dizer que quando somos solicitados a realizar operações matemáticas somente por meio do pensamento (ou “de cabeça” como se diz popularmente), nosso cérebro ativa um caminho onde o processamento sensorial começa processando informações específicas, menos abrangentes, para depois formar uma imagem completa, mais abrangente. Porém, de alguma maneira o cérebro processará essas informações de acordo com as informações que já possui, pois teoricamente todos nós aprendemos muito cedo a realizar operações matemáticas. Porém, o tempo de cada pessoa para a realização dessas operações, partindo-se do princípio de que não haja nenhum problema que impeça a realização da tarefa num nível abstrato, será maior ou menor, pois depende do quanto seu cérebro é treinado para realizar operações matemáticas. Quanto mais treinado for o cérebro, mais conexões favoráveis a essas operações ele terá, e mais rápido será o tempo de resposta para as operações matemáticas. Uma pessoa que não está acostumada a usar seu cérebro nessa área, demorará um tempo maior, o que é normal e esperado.
Da mesma forma podemos dizer que ao sermos solicitados a pensar numa ferramenta, pensamos naquela ferramenta com a qual mais tivemos contato na vida, seja de forma real ou abstrata, mas de alguma maneira essa ferramenta esteve em nossa mente mais vezes do que outra. No caso especifico do martelo, como o próprio texto diz, isso ocorre porque é a ferramenta que estamos acostumados a ver em casa desde crianças, ou até mesmo nos desenhos animados, nos livros escolares, etc. Dessa forma, a memória mais forte que temos de uma ferramenta é o martelo. Talvez para um agricultor, seja uma enxada ou um ancinho, porque seria a informação mais estimulada em sua memória. E pensamos primeiro na forma e depois na cor porque esse é o caminho que informação faz em nosso cérebro.
Dessa maneira, podemos dizer que o aprendizado depende da forma como nosso cérebro é estimulado positivamente sobre determinado assunto mas não apenas isso. A aprendizagem se dá também de acordo com as emoções envolvidas nessa aprendizagem. Ainda voltando ao exemplo da atividade, pode ser que muitos de nós não consigamos resolver operações matemáticas porque as memórias que temos dos tempos escolares, onde os números pareciam irremediavelmente impossíveis de resolver, tenham nos trazido memórias afetivas negativas a respeito e por isso, prejudicado nossa aprendizagem. Mas, por outro lado, sempre temos uma disciplina que gostamos mais ou nos interessamos mais, e provavelmente essa é aquela não apenas que conseguíamos compreender melhor, mas também aquela cujo professor era o mais querido da turma. Portanto, a forma como o cérebro se comporta no processo de aprendizagem e memoria envolve inúmeros processos complexos, muitos já conhecidos e outros que ainda vem sendo profundamente estudados pelos cientistas.


REFERÊNCIAS

RIBEIRO, Sidarta. Artigo: O mosaico das memórias. Scientific American – Mente e Corpo Disponível em http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/o_mosaico_das_memorias.html - acesso em 13/07/2014

Biblioteca Virtual de Saúde – Descritores em Ciência da Saúde. Depressão Sináptica de Longo Prazo. Disponível em http://decs.bvs.br/cgi-bin/wxis1660.exe/decsserver/?IsisScript=../cgi-bin/decsserver/decsserver.xis&task=exact_term&previous_page=homepage&interface_language=p&search_language=p&search_exp=Depress%E3o%20Sin%E1ptica%20de%20Longo%20Prazo – acesso em 13/07/2014

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Desnutrição e sua influência na aprendizagem da criança


A alimentação é muito importante para que a criança se desenvolva positivamente. É por meio dos alimentos que nós, seres humanos, conseguimos os nutrientes necessários para fortalecer, desenvolver ou amadurecer nosso corpo.

A desnutrição não ocorre somente depois do nascimento. Muitas crianças já nascem desnutridas, porque suas mães não foram capazes de alimenta-las intrauterinamente. Essas crianças geralmente nascem com baixo peso (abaixo de 2,5 kg) e ficam mais suscetíveis a sofrerem gravemente com doenças que poderiam ser consideradas apenas passageiras em crianças normais e que podem, inclusive, levar à morte. Por esse motivo a alimentação da gestante é tão importante, sobretudo para o desenvolvimento do sistema nervoso do feto, pois como já vimos, um sistema nervoso bem desenvolvido fará com que a criança tenha menor probabilidade de apresentar transtornos escolares.

Porém podemos também pensar em desnutrição em crianças que aparentemente são saudáveis ou até mesmo estão acima do peso. Isso ocorre porque desnutrição tem como característica básica não apenas o baixo peso mas principalmente a falta de vitaminas, minerais e nutrientes responsáveis pelo bom desenvolvimento e funcionamento do corpo humano. Por isso é tão importante que você pai, mãe, cuidador, preste atenção naquilo que sua criança come. Crianças que comem muitos doces, salgadinhos, guloseimas e deixam de lado as frutas, as verduras, os legumes e a alimentação de verdade, podem estar desnutridas ou subnutridas sem que demonstrem na aparência física.

A desnutrição é uma das grandes responsáveis pela falha no desenvolvimento infantil e consequentemente, da dificuldade escolar, pois além do que já foi dito, não é difícil de pensar que uma criança com fome ou mal alimentada não tem condições de se concentrar nos estudos. E o organismo de uma criança desnutrida não vai responder satisfatoriamente às necessidades da aprendizagem.

Muitas crianças brasileiras ainda encontram na merenda escolar a única refeição do dia, por isso é dada tanta importância à alimentação na escola. Embora muitas vezes encontrem feijão e farinha para comer em casa, falta-lhes os chamados alimentos protetores: vitaminas, proteínas e minerais presentes no leite, nos ovos, carnes, frutas e verduras frescas e a falta dessas substâncias pode causar doenças graves. Crianças subnutridas apresentam dificuldade em realizar atividades, falta de energia, olhos fundos, pele pálida e, muitas vezes, tristeza e apatia.

Diante dessa realidade, como podemos esperar que uma criança consiga frequentar a escola e acompanhar os conteúdos pedagógicos de forma satisfatória?

Por isso as políticas públicas que visam a obrigatoriedade da alimentação do escolar são tão importantes. Mas acima de tudo, cuidados durante a gestação e a correta nutrição do recém nascido são imprescindíveis para a saúde da criança. Crianças maiores devem ser orientadas a comer alimentos saudáveis. Via de regra as crianças rejeitam certos alimentos porque os adultos que a cercam não fazem a oferta correta ou então porque já foram suficientemente viciadas em açucares e industrializados gordurosos para não sentirem mais prazer com o sabor do alimento natural. Portanto, ao alimentar seu filho pense que não é apenas uma questão de encher a barriguinha para matar a fome mas, sobretudo, de estruturar o corpo dele para uma vida inteira de desenvolvimento e aprendizagem.

Só uma criança bem alimentada desde sua geração será capaz de ter um corpo saudável para poder se desenvolver normalmente na escola.